sexta-feira

Tema para REDAÇÃO

TEMA: As várias possibilidades de ver (olhar) a realidade na era contemporânea.
Gênero:            MEMORIAL
 “O narrador conta o que ele extraí da experiência – sua própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ele a torna experiência daqueles que ouvem sua história”       Walter Benjamin
“Cada um de nós constrói a sua própria história e cada ser carrega em si o dom de ser capaz, de ser feliz!”
                                                                 Almir Sater/ Renato Teixeira
 O QUE É MEMORIAL?
                O Memorial se constitui em um exercício de interrogação de nossas experiências passadas para fazer aflorar não só recordações/lembranças, mas também informações que confiram novos sentidos ao nosso presente.
                Não existe presente sem passado, ou seja, o passado atua no presente de diversas formas. Uma delas está relacionada com o fato de construirmos e guardarmos esquemas de comportamento dos quais nos valemos, muitas vezes, na nossa ação cotidiana.            O Memorial está intimamente relacionado a um exercício de reminiscência, isto é, de “puxar pela memória”.
                 Portanto,  é um relato que reconstrói a trajetória pessoal, mas que tem uma dimensão reflexiva, pois implica que quem relata se coloca como sujeito que se auto-interroga e deseja compreender-se como o sujeito de sua própria história. Assim, é um esforço de organização e análise do que vivemos. Esta diferença entre vivência e experiência é importante.
                A experiência é refletida e pode tornar-se algo consciente, que construirá uma nova identidade, ou seja, um outro jeito de olhar e pensar o mundo. Para ilustrar, seria possível dizer que é como olhar a vida através de um “retrovisor”, dando a chance de enxergar determinadas dimensões da vida e refletir criticamente sobre o significado delas em nossa trajetória, tendo como  vantagem o distanciamento temporal. 

Coletânea:


Texto 1
            Um grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de Janeiro. Trata-se da floração de palmeiras  Corypha umbraculifera, ou  palma talipot, no Aterro do Flamengo.
            Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, elas florescem uma única vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de  plantadas. Em seguida, iniciam um longo processo de morte, período em que produzem cerca de uma tonelada de sementes.
            http://veja.abril.com.br, 09/12/2009. Adaptado.

Texto 2
            Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot, um visitante teria comentado: “Como elas levam tanto  tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de 50 anos, teria dito:  “Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também possam  contemplar”.
            http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. nº 131, 10/11/2009. Adaptado.

Texto 3
            Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino compartilhado, um sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou marchar no mesmo passo. A  solidariedade tem pouca chance de brotar e fincar raízes. Os relacionamentos destacam-se sobretudo pela  fragilidade e pela superficialidade.
Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado.

Texto 4
            A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver em nome de qualquer  coisa que não nós mesmos.
            G. Lipovetsky, cit. por Z. Bauman, em A arte da vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
               
            Como mostram os textos 1 e 2, a imagem de abnegação fornecida pela palma talipot, que, de certo modo,  “sacrifica” a própria vida para criar novas vidas, é reforçada pelo altruísmo* de Roberto Burle Marx, que a  plantou, não para seu próprio proveito, mas para o dos outros. Em contraposição, o mundo atual teria escolhido o caminho oposto.
           
Texto 5_ “Que as forças cegas se domem pela visão que a alma tem!”          Fernando Pessoa
                O documentário “A Janela da Alma”, lançado em 2002, e dirigido por João Jardim e Walter Carvalho, acerta em cheio a úlcera dos tempos modernos; a falta de sensibilidade do ser humano para com o outro, e a efemeridade do áudio visual aliado a sua orgia transmitida de forma enlatada pela televisão.            O homem a cada dia mais egoísta, mais egocêntrico, e, por isso, não consegue enxergar com os verdadeiros olhos os detalhes e as belezas das coisas simples da vida. As informações chegam a todo instante e a toda hora, não dando espaço para absorvermos todo esse catatau de forma proveitosa.
                O escritor português José Saramago, depoente no filme, observa o lado físico do olho. Em seu comentário, Saramago diz que, se o homem tivesse uma visão tão apurada quanto a de um falcão, este gostaria menos de coisas vistas com olhos comuns tidas como singelas. O escritor faz uma analogia com a pele de uma mulher, por exemplo. Esta, a primeira vista, tão lisa e delicada. Mas se usarmos uma lente de aumento, imitando a visão do falcão, é possível ver diversas imperfeições, orifícios e pêlos; detalhes que tornariam uma donzela bem menos agradável aos olhos de um homem viril.
                Entre os 19 depoimentos abordados no documentário, um tema em comum; há diferentes níveis de miopia, os quais são explicados de formas distintas, mas com ricas contribuições. Isso não só pelo fato de advirem de personalidades, e sim pelo fato de tornar essas mesmas pessoas cidadãos comuns diante de suas deficiências, e, acima de tudo, reféns destas.        Outro destaque para o relato do cineasta Alemão, revela a abundancia de coisas ao nosso redor, que por falta de tempo, ou desinteresse, deixamos passar despercebidas todos os dias.
                Mesmo assim, a produção, quer seja midiática ou cultural, é contínua, e segue inchando e poluindo nossos olhos e ouvidos. O cineasta ainda revela sobre o seu costume do uso dos óculos, e assume que não consegue mais conviver sem eles. Ele diz já ter tentado usar lentes, mas que não se adaptou. “Sinto que sem os óculos vejo demais, não quero ver tanto, prefiro ver as coisas de forma mais contida.”
                Walter Carvalho buscou fotografar imagens que repensam o ato de ver, ou mesmo ressaltam um sentimento existente naquele momento. As imagens sem foco que saem da tela preta, surgem aos poucos até entendermos que se trata de uma fogueira sendo consumida em meio à escuridão. Essa imagem remete à alegoria da Caverna de Platão, ou seja, o retrato de uma sociedade a qual pessoas permanecem presas pela ignorância, e na ilusão de um mundo distante da verdadeira realidade.          http://malecencia.blogspot.com/2008/11/o-verdadeiro-olhar-atravs-da-janela.html
TEXTO 6 Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.    Antoine de Saint-Exupéry
TEXTO 7_ "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz". Mt 6:22
TEXTO 8_Nada é melhor do que se surpreender, olhar o mundo com olhos de criança.” Betty Milan

Proposta: Após analise da temática, teça um memorial, relatando toda a trajetória do homem que ouviu a frase dita por Robert Burle Marx, no texto 2, não se esqueça de abordar o 


TEMA: As várias possibilidades  de ver (olhar) a realidade na era contemporânea.

Analise as diferentes formas de olhar  o passado e construir o  presente  e o futuro.